Nota Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa “A propósito dos 25 anos da Peregrinação Nacional dos Acólitos”
1. Ao comemorar-se o vigésimo quinto aniversário da Peregrinação Nacional dos Acólitos, saudamos todos os acólitos e acólitas das nossas Dioceses portuguesas e agradecemos-lhes o dom do inestimável serviço ao altar da Eucaristia e à comunidade cristã. Renovamos o sentido da sua missão, como publicámos nos Desafios pastorais da pandemia à Igreja em Portugal: «Todos os serviços e ministérios na Igreja, tanto os existentes como os que possam ser criados, devem estar impregnados por um profundo dinamismo missionário, um renovado anúncio do Evangelho nas comunidades cristãs, nas famílias e na sociedade».
2. Em 1996 os acólitos do Santuário de Fátima tomaram a iniciativa de se encontrarem com acólitos de outras dioceses para realizarem uma peregrinação àquele santuário no dia 1 de maio. Passados vinte e cinco anos, os pouco mais de cem acólitos presentes na primeira peregrinação são agora mais de cinco mil. Este número reflete também a importância crescente que a pastoral de acólitos tem tido no nosso país. De imediato, a organização da Peregrinação Nacional passou para o Secretariado Nacional de Liturgia, da Comissão Episcopal de Liturgia e Espiritualidade, fundando-se, assim, o Serviço Nacional de Acólitos.
3. O Serviço Nacional de Acólitos tem por missão fomentar as estruturas diocesanas de pastoral para os acólitos e ser dinamizador em tudo o que se relaciona com o ministério dos Acólitos. A Peregrinação Nacional tem especial relevo na sua ação. Em contexto internacional é desejável que os serviços diocesanos e o Serviço Nacional incrementem a sua presença junto do Coetus Internationalis Ministrantium. A Peregrinação Internacional a Roma é um marco significativo da participação dos acólitos portugueses junto do Santo Padre, onde manifestam a sua fidelidade e amor à Igreja num clima de festa e comunhão.
4. O acolitado não é um mero serviço funcional, mas um ministério que abrange crianças, jovens e adultos, rapazes e raparigas, que devem ser pastoralmente acompanhados para riqueza e edificação, não apenas dos próprios, mas de toda a comunidade. Por isso se requer uma contínua e adequada preparação técnica, bíblica, litúrgica, pastoral e espiritual. É de valorizar os momentos de escuta de Palavra de Deus, de oração e de retiro espiritual que muitos grupos de acólitos procuram realizar.
5. Muitas das vocações ao sacerdócio nasceram da dedicação de muitos rapazes ao serviço do altar como acólitos. Também as raparigas podem e devem aproveitar o dom do serviço do altar para se questionarem vocacionalmente. O serviço do altar deve, primeiramente, fazer redescobrir a primordial vocação do batismo. Haja especial cuidado da parte dos Párocos para fomentar, acarinhar, acompanhar e educar os grupos de acólitos em cada comunidade paroquial. Têm sido implementados serviços diocesanos de apoio à pastoral dos acólitos, com bons frutos.
6. Reconhecido como patrono universal dos acólitos, o mártir São Tarcísio era um jovem romano que muito amava a Eucaristia e seria um acólito. Acolhendo a difícil missão de levar a Eucaristia a prisioneiros, São Tarcísio encontrou o martírio no ano 257, “ao defender a Santíssima Eucaristia de Cristo, que uma multidão furiosa de gentios pretendia profanar, preferiu ser apedrejado até à morte”. Aquando dos 100 anos do nascimento de São Francisco Marto, na Peregrinação Nacional, a 1 de maio de 2009, a Conferência Episcopal Portuguesa proclamou o santo pastorinho de Fátima como patrono dos acólitos portugueses. São Francisco Marto, tocado pelas aparições da Virgem Maria, sentia um ardente desejo de consolar a Jesus especialmente na Adoração Eucarística, a que chamava de “Jesus Escondido”. Estes jovens santos são para os acólitos portugueses um exemplo de dedicação e entrega à Eucaristia. Ambos tinham vidas transformadas pela Eucaristia e pelo amor a Cristo. São Tarcísio, determinado no serviço e no levar Jesus aos que mais d’Ele necessitavam, São Francisco Marto, contemplativo da Eucaristia e diligente na caridade para com outras crianças pobres. A breve vida de cada um deles é testemunho de como os acólitos, crianças, jovens e adultos devem alimentar a sua vida de serviço ao altar da Eucaristia como fonte e meta do seu ministério e do seu quotidiano.
7. Desde há alguns anos que os acólitos assumiram uma oração que surge como compromisso e programa de vida eucarística. Reconhecendo a importância dos acólitos em cada uma das suas comunidades e da estima por nós nutrida por cada um, queremo-nos associar a essa oração pedindo a bênção de Deus para cada acólito e cada acólita, e que a Virgem Santa Maria, a primeira a acompanhar e a servir o Senhor Jesus, estenda o seu olhar maternal sobre eles, e juntamente com São Tarcísio e São Francisco Marto os fortifique e anime na fé e na entrega ao serviço de “Jesus Escondido”.
Senhor Jesus Cristo, sempre vivo e presente connosco,
tornai-me digno de Vos servir no altar da Eucaristia,
onde se renova o sacrifício da Cruz e Vos ofereceis por todos os homens.
Vós que quereis ser para cada um o amigo e o sustentáculo no caminho da vida,
concedei-me uma fé humilde e forte, alegre e generosa,
pronta para Vos testemunhar e servir.
E porque me chamaste ao vosso serviço, permiti que Vos procure e Vos encontre,
e pelo Sacramento do vosso Corpo e Sangue, permaneça unido a Vós para sempre.
Amém.
Fátima, 15 de abril de 2021