Mensagem de Páscoa, D. António Augusto

Jesus Cristo Ressuscitou! Aquele que «foi crucificado segundo Pôncio Pilatos, padeceu e foi sepultado, ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras». Em cada Páscoa celebramos o núcleo central da nossa fé, reafirmamos a convicção mais profunda que une todos os cristãos, anunciamos ao mundo a notícia mais bela.

Neste ano jubilar em que se assinalam 1700 anos do concílio de Niceia, marco decisivo no estabelecer do Símbolo da Fé (Credo), convido os cristãos da diocese de Vila Real a assumirem e proclamarem o Credo com uma consciência mais viva do valor da fé e com renovada gratidão e alegria pelo grande dom que ela significa.

No contexto que estamos a viver em que se adensam preocupações e perplexidades, em que princípios e valores são descartados e a verdade é negligenciada, a celebração da Páscoa desperta-nos para o  essencial: Cristo está vivo, Ele morreu e ressuscitou para nossa salvação. Este anúncio que teve a força de transformar a história, de forjar vidas e culturas, continua a ter hoje a mesma vitalidade capaz de fazer brotar a novidade de Deus no mundo.

Cristo Ressuscitado iniciou um tempo novo. Ele é a pedra angular sobre a qual se edificou a Igreja. Por isso, na Páscoa, cada comunidade cristã é chamada a tomar consciência da sua identidade e missão. Ela é a família de batizados, reunida em volta de Cristo ressuscitado e na força do seu Espírito. Nesse sentido, envio a minha benção a todas as comunidades da diocese, desejando que sejam comunidades mais pascais, unidas numa fé mais viva e comprometida. Que a beleza das celebrações litúrgicas do tempo pascal, complementadas com as belas tradições da nossa região, favoreçam a vivência mais autêntica e fraterna destas festas pascais.

O acontecimento da ressurreição de Cristo constitui também a razão mais profunda da nossa esperança. Uma vez libertado da morte, Jesus abre à humanidade horizontes mais amplos de futuro. Num clima em que pairam no ar receios e desânimos diante do porvir, podemos encontrar em Jesus Ressuscitado uma luz que ilumina o caminho, uma âncora forte e segura da nossa esperança.

Para que esta Páscoa signifique o reavivar da fé e o reforçar da nossa esperança precisamos de fazer nosso o itinerário dos discípulos de Emaús (Lc. 24, 13-35). Como eles, é indispensável que caminhemos juntos e que nos deixemos encontrar por Aquele que nunca nos deixa sós ou vergados ao peso de fracassos e desilusões. Poderemos assim abrir a inteligência ao plano de Deus que vai  muito além das lógicas do mundo e aquecer o coração com a força da palavra.

No tempo pascal que se estende até ao Pentecostes, este convite a atualizarmos o itinerário dos discípulos de Emaús, envolve ainda o desafio a redescobrir a eucaristia como grande sacramento pascal. É no sinal  do pão que podemos reconhecer também hoje a presença do Ressuscitado. Voltar a colocar a eucaristia no centro da vida cristã é um grande sinal pascal. Voltar a redescobrir a comunidade cristã como lugar insubstituível de partilha e de vivência da fé é condição para que o anúncio da Páscoa de Cristo continue a ecoar no mundo.

Que Cristo ressuscitado encha das suas bençãos as famílias e as comunidades da diocese. Que Ele renove a esperança dos doentes, migrantes, reclusos, dos que estão sós ou desanimados. Que a Boa Nova da Ressurreição ajude o mundo a seguir por caminhos de paz, justiça e fraternidade.

Votos de Santa Páscoa para todos.

Vila Real, 9 de abril de 2025

+António Augusto de Oliveira Azevedo