Uma PÁSCOA com CRISTO!

Uma PÁSCOA com CRISTO!

Uma Páscoa sem Cristo?

No centro da Páscoa cristã está Jesus Cristo morto e ressuscitado.

Tal como os judeus celebravam, na Páscoa, a libertação da escravidão do Egito, o maior acontecimento da sua história, assim nós os cristãos celebramos a morte e a ressurreição do Senhor Jesus, o maior acontecimento do Cristianismo. Não apenas como um acontecimento do passado, mas como um mistério da nossa salvação, que se atualiza e se torna misteriosa e realmente presente em cada uma das nossas celebrações litúrgicas, nomeadamente na Eucaristia, sacramento por excelência da Páscoa do Senhor, da Sua morte e ressurreição, que está também no centro da nossa fé.

Este ano, mais uma vez, se nada for decidido em contrário, preparamo-nos para celebrar a Páscoa com as celebrações litúrgicas comunitárias suspensas, sem a possibilidade de participarmos presencialmente nas celebrações litúrgicas da nossa comunidade paroquial. Corremos assim o risco de, aparentemente, celebrarmos a Páscoa sem Cristo, pois, como a­ afirmou o Papa Francisco (audiência geral de 03/02/2021), “um Cristianismo sem Liturgia é um Cristianismo sem Cristo: “Um Cristianismo sem Liturgia, ousaria dizer, é um Cristianismo sem Cristo. Sem Cristo total”. O Papa falava, então, da necessidade de os ­ féis participarem ativamente nas celebrações, bem como da necessidade de se participar nas celebrações litúrgicas, em comunidade, para que cada católico se possa considerar verdadeiramente como tal. Francisco falou em particular da Missa dominical, sublinhando que a mesma “não pode ser só ouvida”, como se cada um fosse apenas “espectador”. “A Missa tem de ser sempre celebrada, não só pelo sacerdote que a preside”, insistiu. E acrescentou: “Quando vou à Missa, ao domingo, vou rezar em comunidade, vou rezar com Cristo, que está presente”.

Cristo é que é o “centro” de cada celebração litúrgica. “Até no rito mais despojado, como o que alguns cristãos celebraram e celebram nos lugares de prisão, ou no escondimento de uma casa durante tempos de perseguição, Cristo está verdadeiramente presente e oferece-se aos seus ­ fiéis”, disse ainda o Papa. Alertou igualmente, nessa ocasião, para a “tentação”, que se repete na história da Igreja, de “praticar um Cristianismo intimista, que não reconhece a importância espiritual dos ritos litúrgicos públicos”. A este respeito, o Papa lamentou a secundarização da Missa dominical face a “outras fontes, de tipo devocional”, mas destacou que, nas últimas décadas, “houve muitos progressos”, em particular desde o Concílio Vaticano II (1962-1965). “Não existe espiritualidade cristã que não esteja enraizada na celebração dos mistérios sagrados”.

Então, para que a Páscoa deste ano não seja uma Páscoa sem Cristo, também pela tentação de ­ ficarmos apenas no que é “secundário”, se não pudermos participar ativamente nas celebrações comunitárias, que ninguém deixe de “participar”, em família, como igreja doméstica reunida e em comunhão com os outros cristãos da Paróquia e da Igreja universal, ao menos, nas celebrações transmitidas pela TV ou Internet. Além disso, cada família cristã encontrará outras formas de celebrações familiares, sobretudo no Tríduo Pascal, de 5.ª, 6.ª, sábado e domingo de Páscoa. E poderá aproveitar ainda os subsídios que puderem ser enviados por email. Que ninguém deixe também de ter presentes todos aqueles que, à maneira de Cristo, nossa Páscoa, dão totalmente a sua vida para que outros possam ter vida, e que devem ser uma interpelação para nós.

Apesar das contingências a que estaremos sujeitos, desejo a todos os meus amados Paroquianos UMA SANTA PÁSCOA, UMA PÁSCOA COM CRISTO!

P. José Guerra Banha